Técnico de segurança do trabalho analisando ambiente corporativo com indicadores de saúde mental no local

O mundo do trabalho está mudando rápido. As exigências são cada vez maiores, a pressão parece não ter fim e, para muitos profissionais de segurança do trabalho, tudo isso traz preocupação. Será que estamos olhando o suficiente para o bem-estar psicológico das equipes? Ou estamos deixando que o risco silencioso dos transtornos mentais se espalhe pelos ambientes onde atuamos?

Com base em números e experiências reais, fica claro: precisamos conversar (e agir) sobre saúde psicológica no local de serviço. Porque não existe ambiente realmente seguro se a mente dos colaboradores está adoecida.

Segurança só existe onde há respeito ao ser humano por inteiro.

A conexão entre saúde mental e segurança do trabalho

Costuma-se associar segurança apenas a EPIs e procedimentos, mas a mente é uma peça chave no jogo. Quando falamos em doenças mentais, estamos nos referindo a quadros como ansiedade, depressão, estresse crônico, síndrome de burnout e outros distúrbios relacionados a fatores psicossociais das empresas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 15% dos adultos economicamente ativos têm algum transtorno psicológico, o que custa até US$ 1 trilhão por ano à economia global. Não é só o custo de afastamentos, é gente que falha em tarefas simples, que se distrai, perde reflexos, esquece normas ou, nos piores casos, toma decisões arriscadas (estimativas da OMS).

E essas consequências não ficam restritas a escritórios. Em ambientes industriais, onde um descuido pode virar acidente grave, a perda de foco pode representar risco real. A segurança fica ameaçada desde a gestão até o chão de fábrica.

Quem mais sofre e por quê?

O Brasil registrou nos últimos anos aumento expressivo nos afastamentos por problemas mentais. Entre 2022 e 2024, houve crescimento de 134%, contabilizando mais de 472 mil licenças apenas em 2024 (dados das Nações Unidas). Ansiedade, estresse e depressão lideram as causas. Profissionais do sexo feminino, na faixa dos 41 anos, são os mais impactados, principalmente em estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (indicadores de saúde mental no trabalho).

Colaboradores de indústria e escritório sentados, aparentando cansaço mental

Profissões como técnicos de segurança, agentes administrativos, motoristas, bancários e professores aparecem entre as mais vulneráveis. O vínculo precário, baixos salários e assédio recorrente formam o chamado risco psicossocial, um conjunto de armadilhas silenciosas capazes de abalar, aos poucos, a saúde emocional das pessoas (conselho nacional de saúde).

Fatores psicossociais de risco: o que realmente ameaça a mente nos ambientes de trabalho

No dia a dia, raramente as ameaças à saúde psicológica aparecem de uma vez só. É como se fossem pequenas gotas caindo em um copo já quase cheio. De repente, transborda. Veja os fatores que mais preocupam profissionais de SST, principalmente segundo relatos de quem participa da Andrade Safe:

  • Carga de trabalho pesada: longas jornadas e demandas irreais minam a energia.
  • Falta de autonomia: colaboradores que não têm poder de decisão sentem mais angústia.
  • Assédio moral e interpessoal: pressões abusivas, humilhações públicas e piadas destrutivas são devastadoras.
  • Instabilidade e medo de perder o emprego: insegurança quanto ao futuro amplia ansiedade.
  • Reconhecimento insuficiente: equipes que trabalham bem, mas não recebem feedback, acabam desmotivadas.
  • Conflitos constantes: relações ruins com colegas ou chefias drenam energia mental.
  • Mau exemplo da liderança: superiores que não respeitam horários, normas ou limites colocam todos em risco.

Em todos esses pontos, tanto no chão de fábrica como nos setores administrativos, a atuação de técnicos e engenheiros do setor é decisiva. Eles enxergam as falhas, mapeiam perigos e, principalmente, criam estratégias de prevenção que vão além do básico.

Como perceber os primeiros sinais de alerta?

Nem sempre é fácil notar que uma pessoa está adoecendo por motivos emocionais. Sinais costumam ser discretos, mas, quando percebidos cedo, podem evitar tragédias. Algumas pistas merecem atenção:

  • Mudança brusca de comportamento, do colaborador expansivo ao retraído, do pontual ao faltoso.
  • Declínio no desempenho ou na concentração.
  • Esquecimentos incomuns, erros simples.
  • Dificuldade para cumprir tarefas em equipe.
  • Isolamento no ambiente coletivo.
  • Irritação excessiva, choros frequentes.
  • Queixas físicas recorrentes sem causa médica clara.

O papel dos gestores, lideranças e, especialmente, dos profissionais de SST é desenvolver um olhar atento. Conversar, observar e criar canais de acolhimento faz parte da rotina da Andrade Safe, pois acreditamos que prevenção acontece no detalhe, no olhar, no diálogo, na ação rápida.

Estratégias para proteger a saúde mental e reduzir acidentes

Prevenção sempre foi palavra de ordem para a Andrade Safe, e isso se reflete nas ações que defendemos:

  1. Mapeamento de riscos psicossociais: conhecer a fundo a realidade dos times é o primeiro passo para qualquer ação que funcione. Ferramentas como análise de clima organizacional e reuniões destinadas exclusivamente para feedback são fundamentais.
  2. Implantação de canais de escuta ativa: ter meios seguros e confidenciais para denúncias de assédio e sobrecarga permite respostas rápidas.
  3. Campanhas internas e ações educativas: falar abertamente sobre o tema, mostrando que saúde mental é coisa séria. Isso ajuda a quebrar o tabu e incentiva pedidos de ajuda.
  4. Treinamento de lideranças: chefias preparadas para identificar sintomas, agir com empatia e apoiar quando necessário fazem diferença. Aqui valorizamos a formação de líderes humanos, não só técnicos.
  5. Programas de apoio psicológico: parcerias com clínicas ou psicólogos para suporte preventivo e emergencial aos colaboradores.
  6. Adequação das normas, como a NR-1: garantir, por exemplo, pausas regulares, limite de jornada e gestão de riscos também para a saúde psicológica. Esse ponto é essencial e, infelizmente, muitos ignoram. O PGR precisa contemplar o fator emocional.
  7. Promoção do equilíbrio vida-trabalho: horários flexíveis, incentivo à desconexão fora do expediente e valorização da vida pessoal ajudam a manter o bem-estar.
Treinamento de líderes sobre saúde mental

Técnicos e engenheiros implantando cultura de bem-estar

Técnicos e engenheiros de segurança do trabalho têm mais influência do que pensam na construção de ambientes saudáveis. Não se trata apenas de cumprir legislação. É uma questão de humanidade. É saber que por trás de cada EPI existe alguém com história, sonhos, fragilidades.

Veja como podem atuar:

  • Integrar ações de prevenção de riscos emocionais ao cronograma da empresa;
  • Buscar atualizações constantes sobre novas abordagens e legislações;
  • Serem exemplos de respeito aos horários e aos limites;
  • Sugerir estratégias integradas de análise de risco, incluindo fatores psicossociais;
  • Promover treinamentos e rodas de conversa, tanto presenciais quanto online;
  • Participar do mapeamento colaborativo de riscos, junto com os próprios trabalhadores.

Impactos financeiros e a redução de custos com afastamentos

Quando bons gestores tratam do cuidado emocional como prioridade, menos afastamentos ocorrem. E isso é dinheiro não perdido. O aumento de 68% nos afastamentos por transtornos mentais de 2023 para 2024 deixou claro que empresas que fecham os olhos para o problema acabam pagando caro.

A Andrade Safe acredita: investir em prevenção e apoio é mais barato e humano do que gerenciar crises e acidentes. Isso vale para grandes indústrias e para pequenos negócios. Até porque um único colaborador afastado pode desestabilizar setores inteiros e dificultar o cumprimento de metas de segurança, qualidade e produção. Abordar o bem-estar é tão prático quanto investir nos melhores EPIs ou em programas formais como permissões de trabalho bem estruturadas.

Engenheiro e técnico equilibrando vida e trabalho

Conclusão

Promover ambientes psicologicamente saudáveis no trabalho é responsabilidade compartilhada, mas técnicos e engenheiros de SST têm papel especial nesse desafio. A cultura de segurança só se consolida quando todos se sentem respeitados e acolhidos. A Andrade Safe nasceu desse propósito: transformar rotinas, formar profissionais melhores e ambientes sem medo nem estigma. Se você quer levar soluções de verdade para o seu time, convidamos você a conhecer nossos conteúdos, programas e parcerias. Cuidar de pessoas é sempre o melhor investimento.

Perguntas frequentes sobre saúde mental no trabalho

O que é saúde mental no trabalho?

Saúde mental no ambiente de trabalho significa ter condições que permitam equilíbrio emocional, bem-estar e qualidade das relações interpessoais no dia a dia profissional. É um estado em que os colaboradores conseguem lidar com as demandas da rotina, sentir-se valorizados e ter apoio para eventuais dificuldades, sem adoecer por sobrecarga, assédio, incerteza ou ambiente tóxico.

Como prevenir transtornos mentais no trabalho?

Prevenção passa por mapear riscos psicossociais, promover diálogos abertos, implantar canais de apoio, oferecer treinamentos para lideranças e estimular o cuidado com o equilíbrio entre vida pessoal e funções do trabalho. Adaptar as normas, como a NR-1, para incluir o olhar psicológico também faz diferença. Empresas que contam com apoio especializado, como o oferecido pela Andrade Safe, conseguem perceber sinais cedo e agir antes do agravamento dos problemas.

Quais são os sinais de problemas psicológicos no trabalho?

Os sinais iniciais incluem faltas frequentes, atrasos, dificuldade de concentração, irritação exagerada, queda de desempenho, isolamento, mudanças de humor, cansaço extremo e até sintomas físicos sem causa médica aparente. Se um colaborador passa a se ausentar mais, perde o entusiasmo ou se distancia da equipe, vale olhar com atenção e buscar entender o que acontece.

O que pode causar estresse no ambiente profissional?

Causas comuns incluem sobrecarga de tarefas, pressão constante por resultados, assédio moral, falta de reconhecimento, conflitos com colegas ou superiores, ausência de autonomia para tomar decisões, instabilidade no emprego e comunicação ruim. Quando esses fatores se acumulam, aumentam o risco de adoecimento mental e queda do rendimento profissional.

Como a empresa pode promover bem-estar mental?

É possível criar campanhas internas de conscientização, facilitar acesso a programas de apoio psicológico, garantir pausas adequadas, estimular a participação em decisões e valorizar a saúde mental de maneira tão visível quanto a física. O exemplo da liderança é fundamental. Investir em cultura de bem-estar, como faz a Andrade Safe em seus projetos, inspira cuidado consistente entre todos da equipe.

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Herberth Andrade

SOBRE O AUTOR

Herberth Andrade

Herberth Andrade é engenheiro de segurança do trabalho com 12 anos de experiência, fundador do projeto Andrade Safe. Dedicado a contribuir para o desenvolvimento de profissionais da área, Herberth compartilha soluções práticas para técnicos, engenheiros e gestores aprimorarem suas abordagens em segurança, focando na prevenção de acidentes e fortalecimento de uma cultura sólida de segurança nos ambientes de trabalho. É apaixonado por promover a eficácia e o reconhecimento da segurança do trabalho no Brasil.

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