Em empresas menores, o Programa de Gerenciamento de Riscos pode parecer um bicho de sete cabeças. Eu já vi gestores guardarem tudo para “quando sobrar tempo”. Só que o tempo não sobra. E os números não ajudam. Segundo levantamento de 2025 do Ministério do Trabalho e Emprego, mais de 74% dos acidentados precisam se afastar, ao menos por alguns dias. Em 2024, o país somou 724.228 acidentes, e a maior parte rendeu afastamentos curtos, mas reais, como mostram dados do Ministério do Trabalho de 2024. Pequenas empresas sofrem mais. Uma pesquisa publicada na RSP indica risco 3,77 vezes maior de acidentes graves quando comparadas às grandes.
A boa notícia é que um PGR simples, direto e vivo cabe no seu dia a dia. E funciona. Na Andrade Safe, que nasce para apoiar técnicos, engenheiros e gestores, a meta é ajudar você a tirar o plano do papel e reduzir acidentes de verdade.
O que é o PGR na prática
O PGR é um conjunto de documentos e rotinas que mostram como sua empresa identifica perigos, avalia riscos e define ações de controle. Ele tem duas peças base:
- Inventário de riscos: lista do que pode causar dano, onde, quem pode se afetar e por quê.
- Plano de ação: medidas, prazos e responsáveis para reduzir ou eliminar os riscos.
Comece simples.
Se você pensar assim, fica mais leve. E mais claro para todo mundo.
Passo a passo direto ao ponto
1. mapeie o trabalho real
Faça uma caminhada pela operação. Fale com quem executa. Observe tarefas, movimentos, postura, energia, produtos químicos, máquinas, ruído e transporte interno. Tire fotos, com permissão. Registre a versão real, não a ideal.
2. liste perigos e riscos
Monte o inventário por setor. Para cada atividade, anote perigos e consequências possíveis. Indique quem está exposto, inclusive terceiros e visitantes. Coloque exemplos simples, do tipo “queda da mesma altura”, “contato com parte móvel”, “respingo químico”.
3. avalie a gravidade e a chance
Use uma matriz simples, de 3 por 3. Baixa, média e alta para gravidade. Baixa, média e alta para probabilidade. Combine para priorizar. Se ficou “alto”, trate primeiro. Se ficou “médio”, planeje. Se “baixo”, mantenha controle e rotina.
4. defina controles por ordem de prioridade
- Eliminar o perigo quando possível.
- Substituir por algo menos perigoso.
- Isolar ou enclausurar.
- Medidas administrativas e organização do trabalho.
- EPI como complemento.
Nem sempre dá para eliminar. Mas quase sempre dá para reduzir bem com proteção de máquinas, sinalização clara e organização do posto.
5. transforme em plano de ação
Para cada risco, defina uma ação, um responsável, um prazo e uma evidência. Gosto de usar 5W2H, mas não precisa complicar. O mais importante é que caiba na rotina e seja verificável.
Sem papel não há prova.
Guarde laudos, fotos do antes e depois, ordens de serviço, listas de presença e notas de compra. Isso protege a equipe e a empresa.
6. treine e comunique
Faça um DDS curto, de 10 minutos, sobre o risco mais alto da semana. Mostre o que mudou e por quê. Peça feedback. Às vezes surge um detalhe simples que evita um susto grande.
7. monitore e ajuste
Reveja o PGR a cada mudança de processo, após incidentes e, no mínimo, uma vez por ano. Marque na agenda. Parece óbvio, mas sem data vira promessa.
Ferramentas simples que ajudam
- Checklist de bolso: meia página, cabe no jaleco. Três itens por risco alto.
- Planilha única: uma aba para inventário, outra para plano de ação e uma para indicadores.
- QR code no posto: aponta para instrução rápida de segurança e vídeo curto.
- Etiqueta de bloqueio: identifica máquina com manutenção ou risco temporário.
Na Andrade Safe, incentivamos soluções simples e repetíveis. O que você repete, cria hábito. Hábito reduz falhas.
Indicadores enxutos para manter o foco
- Prazo de ações críticas: quantas ações de risco alto estão no prazo.
- Taxa de quase-acidentes reportados: mais relatos indicam cultura mais aberta.
- Inspeções realizadas: cumprir 100% do plano mensal.
Se um indicador cair, ajuste o plano. Se subir, reconheça a equipe. Um elogio público vale muito.
Erros comuns que atrapalham
- Copiar modelos sem adaptar ao trabalho real.
- Ignorar manutenção e limpeza. Piso sujo derruba gente.
- Não registrar treinamentos e inspeções.
- Deixar terceirizados de fora do inventário.
- Focar só em EPI e esquecer proteção coletiva.
Como adaptar ao orçamento curto
Priorize o que protege mais gente ao mesmo tempo. Proteção de máquinas, guarda-corpos, ordem e limpeza. Sinalização clara e rotas sem obstáculos. Depois, ajuste turnos, pausas e treinamentos breves. EPI sempre ajustado e em bom estado. Parece pouco, mas somado faz diferença.
Os dados oficiais mostram que a maioria dos afastamentos por acidente é de até 15 dias, como indicam os números de 2024. Mesmo assim, para quem empreende, 15 dias pesam. Para a pessoa, pesam mais ainda. É por isso que começar hoje vale mais do que um plano perfeito amanhã.
Conclusão
Um PGR bem construído em pequena empresa nasce do chão de fábrica, é claro no papel e vivo na rotina. Não precisa ser complexo. Precisa ser verdadeiro. E revisado sempre. Diante do cenário nacional e do risco maior em empresas menores, como apontam o levantamento de 2025 e a pesquisa na RSP, agir agora é sensato.
Se quiser um olhar parceiro, a Andrade Safe foi criada para apoiar técnicos, engenheiros e gestores com caminhos práticos. Fale com a gente, peça um roteiro simples para seu setor e dê o primeiro passo hoje.
Perguntas frequentes
O que é um PGR para pequenas empresas?
É o plano que identifica perigos, avalia riscos e define ações para controlá-los. Inclui inventário de riscos e um plano de ação com prazos, responsáveis e evidências.
Como montar um PGR eficiente?
Mapeie o trabalho real, liste perigos, use uma matriz simples, priorize controles coletivos, transforme em plano com prazos e treine a equipe. Revise após mudanças e incidentes.
Quais documentos preciso para elaborar o PGR?
Inventário de riscos, plano de ação, registros de treinamentos, inspeções, ordens de serviço, evidências de controles e laudos quando aplicável às atividades.
Quem pode fazer o PGR na empresa?
Deve ser elaborado por profissional habilitado em SST, com participação dos gestores e trabalhadores, que conhecem o processo e ajudam a validar a prática.
PGR é obrigatório para pequenas empresas?
Sim, com adequação ao porte e risco da atividade. O conteúdo pode ser mais simples, mas precisa refletir o trabalho real e ter revisão periódica.