Técnico de segurança analisando ambiente de trabalho em escritório moderno e bem iluminado

Ao longo dos últimos anos, muita coisa mudou na segurança do trabalho. O que antes era tratado apenas como questões de acidente e danos físicos, hoje abre espaço para outros tipos de risco que, embora não sejam visíveis ao olhar, têm impacto direto no ambiente laboral. Os riscos psicossociais entram nessa categoria. A verdade é que você, Técnico de Segurança, está sendo chamado mais do que nunca a olhar para além do EPI e das análises convencionais. Desde a atualização da NR-01, ficou indispensável enxergar como ansiedade, estresse, assédio e outras pressões afetam o trabalho.

Saúde mental também é segurança do trabalho.

Neste artigo, vamos caminhar juntos por esse novo cenário. Além de entender os tipos de ameaça emocional presentes em cada empresa, você vai descobrir maneiras claras e práticas de inserir esses riscos no seu GRO e PGR. E ao longo do texto, vou mostrar como a Andrade Safe pode ser sua parceira estratégica nesta mudança de cultura. Sem rodeios, sem fórmulas mágicas, apenas o passo a passo da vida real – do jeito que técnico gosta.

Por que incluir riscos psicossociais no GRO/PGR

Antes de qualquer coisa, é fundamental entender que o reconhecimento e a gestão de riscos psicossociais não é tendência passageira. É uma obrigação legal e, muito mais do que isso, uma necessidade humana dentro das empresas. A NR-01 passou a exigir que esses fatores sejam considerados no GRO e PGR. Não dá para deixar para depois. Ao ignorar situações como ambientes hostis, assédio ou pressão além do razoável, a empresa se expõe:

  • A processos trabalhistas e multas
  • A quedas graves de rendimento
  • à insatisfação interna e afastamentos por problemas emocionais
  • Ao aumento do absenteísmo e da rotatividade
  • A um clima organizacional negativo, difícil de reverter

Quer um exemplo real? Um estudo feito com profissionais de saúde identificou que 22% têm dois empregos, pouca autonomia e alta exposição ao estresse. O resultado? Saúde mental prejudicada e aumento nos casos de afastamento. Por isso, incluir esses riscos na sua análise já não é uma escolha; é obrigação, é cuidado e é inteligência organizacional.

O que são riscos psicossociais na prática

Esses riscos podem soar abstratos. Mas, quando você olha de perto, eles têm formas muito concretas. Sabe aquele clima pesado em certos momentos? O medo silencioso de se expressar? A meta impossível de atingir? Típicos exemplos de ameaças à saúde emocional.

  • Assédio moral: Comentários depreciativos, humilhações, isolamento do funcionário, piadas maldosas.
  • Pressão excessiva: Cobrança exagerada por resultados, prazos inalcançáveis, fiscalização constante sem pausas.
  • Jornadas exaustivas: Horas extras como rotina, intervalo não respeitado, demandas além da capacidade humana.
  • Isolamento social: Ambientes onde se trabalhar sozinho é regra, pouco estímulo à troca de ideias, ausência de apoio.
  • Falta de reconhecimento ou sentido: Trabalhos sem retorno positivo, falta de feedback, sensação de invisibilidade.
Quando o risco não é visto, ele cresce no silêncio.
Colegas de trabalho sentados em silêncio em ambiente corporativo tenso

Todas essas situações podem gerar quadros de ansiedade, depressão, insônia e outros problemas. O papel do técnico, então, passa também a ser identificar esses sinais. Não é ser psicólogo – mas sim alguém com olhar atento, próximo da equipe, conectado com o dia a dia.

Panorama das normas: NR-01, GRO, PGR e riscos psicossociais

Fica claro agora: a legislação está mudando. O novo texto da NR-01 ampliou o escopo da gestão para além dos perigos físicos e químicos. Ou seja, toda empresa agora precisa incorporar fatores emocionais e sociais no seu mapeamento de perigos e no plano de ação do PGR.

  • O GRO exige avaliação ampla, desde layout e ergonomia até fatores emocionais e de relacionamento.
  • O PGR precisa contemplar ações específicas para prevenir e lidar com riscos psicossociais. Não basta listar; é preciso planejar e agir.

Muitos ainda resistem. Pensam: “Isso é papel do RH”, “Ou então a clínica faz”. Mas, a verdade é que o Técnico de Segurança hoje é protagonista desse processo. Olhe para o lado: o RH pode ajudar, mas a rotina operacional é sua praia. É você que vê de perto, que acompanha nas áreas.

Responsabilidade do técnico de segurança frente aos riscos psicossociais

Depois da mudança normativa, a atuação do Técnico de Segurança ganhou uma camada nova. Aquela que envolve escutar mais, observar além do que está no papel, enxergar além do acidente típico, onde só havia dor física. Vamos detalhar algumas atribuições práticas?

  • Observar e escutar: Fique atento a sinais como isolamento, conflitos constantes, queda da motivação, metas inalcançáveis, falta de reconhecimento ou falas de esgotamento.
  • Registrar: Esses riscos precisam constar no inventário. Coloque detalhes claros de situações identificadas ou relatos ouvidos (mantendo sempre o sigilo e a ética).
  • Reportar: Inclua as informações no PGR. Converse com o SESMT, o RH e a CIPA para construir um plano de ação robusto.
  • Mediar: Seja ponte com a gestão, sugerindo adaptações de processos, melhorias no ambiente físico e revisão de metas quando necessário.

Lembre: você não precisa dar diagnóstico. Seu papel é identificar, mapear, relatar e apoiar as soluções ao lado dos outros setores.

Ver, ouvir, registrar e agir – esse é o ciclo.

Atrizes do dia a dia: como o técnico pode começar?

É comum a dúvida: “Por onde começo?” Na Andrade Safe, sugerimos um caminho pé no chão, com ações pequenas que já fazem diferença:

  • Atualize seu checklist comportamental: Acrescente perguntas sobre clima, isolamento, pressão, conflitos e volume de trabalho.
  • Sugira melhorias estruturais: Avalie iluminação, ruídos, temperatura, ergonomia dos postos de trabalho – tudo isso contribui para o bem-estar mental.
  • Estimule pausas regulares: Promova campanhas internas sugerindo pequenas pausas, alongamentos, descanso visual e mental.
  • Inicie DDS focados no tema: Fale sobre saúde emocional, respeito, canais de ajuda e direitos dos colaboradores.
  • Motive a uso de canais sigilosos de escuta: Indique alternativas junto ao RH ou SESMT para que relatos de sofrimento, assédio e pressão possam ser recebidos de modo confidencial.
  • Aplique avaliações de clima rápidas: Um formulário simples (tipo Google Forms ou impresso) já pode identificar áreas de risco e percepção de bem-estar.
  • Use ferramentas de análise: Existem ferramentas específicas para mapear riscos psicossociais, como questionários reconhecidos e até recursos digitais.
Técnico de segurança analisando formulário de avaliação de clima

Acesse também nosso guia prático para técnicos e engenheiros, onde detalhamos vários desses passos de aplicação e acompanhamento.

Como incluir os riscos psicossociais no inventário e no PGR

Vamos sair do discurso e chegar ao operacional? Veja como enxergar os riscos subjetivos e colocá-los no papel:

  1. Faça reuniões de escuta ativa: Ouça relatos dos colaboradores, lidere rodas de conversa (mantendo, claro, o anonimato e o respeito).
  2. Monte seu inventário de perigos: Liste os riscos emocionais identificados: conflitos, isolamento, sobrecarga, assédio, etc. Detalhe a frequência e o possível impacto de cada um.
  3. Inclua no PGR: Crie ações específicas, como treinamentos, campanhas, revisão de metas, avaliação do ambiente físico e canais de denúncia.
  4. Acompanhe o plano de ação: Relacione datas, responsáveis e indicadores (exemplo: número de relatos, clima organizacional nas pesquisas, casos de afastamento por saúde mental).
Registrar é reconhecer. Reconhecer é o primeiro passo para cuidar.

Caso queira aprofundar seu entender, a Andrade Safe oferece um guia de plano de ação do PGR que aplica o 5W2H de forma simples, facilitando o detalhamento dos riscos e ações para gestores.

Como colaborar na construção de um ambiente saudável

Criar cultura de saúde mental não é trabalho de uma pessoa só. O técnico de segurança pode agir como orquestrador, integrando diferentes áreas – principalmente CIPA e RH – para ações de prevenção:

  • Orientar líderes: Forneça orientações sobre como criar um ambiente sem assédio, com respeito à jornada e incentivo ao diálogo.
  • Auxiliar em avaliações de risco: Mesmo que psicólogos e médicos trabalhem nessas análises, sua visão operacional enriquece o diagnóstico.
  • Elaborar políticas: Ajude a escrever ou revisar as normas internas sobre assédio, discriminação, cobrança e sobrecarga. Monte formulários de percepção de risco junto ao RH.
  • Estimular campanhas e canais de denúncia: Fiscalize se existem canais eficazes, confidenciais e acolhedores e proponha correções quando necessário.
  • Monitorar os planos de ação: Faça acompanhamento dos indicadores definidos, identificando se as ações estão surtindo efeito.
Equipes de CIPA e RH reunidas discutindo prevenção de estresse no trabalho

Competidores podem até oferecer plataformas interessantes para mapeamento de clima, mas a Andrade Safe entrega proximidade, experiência prática da área de campo e personalização no suporte. Menos automatismos frios e mais parceria verdadeira.

Ferramentas e recursos para mapear riscos psicossociais

Hoje, o técnico de segurança pode contar com diversos instrumentos, além da própria observação do dia a dia. Eis alguns exemplos que funcionam bem:

  • Rodas de conversa mensais sobre temas delicados (respeito, saúde mental, etc.)
  • Pesquisas anônimas de clima (trimestrais ou semestrais)
  • Indicadores de absenteísmo, turnover e afastamentos por CID emocional
  • Checklists de ergonomia e ambiente físico atualizados com questões de bem-estar
  • Análise de canais de denúncia, verificando anonimato e acolhimento
  • Escuta ativa com líderes e setores estratégicos
Ferramenta é meio. Mas a diferença é quem usa – e como usa.

Quer mergulhar mais? Nosso artigo sobre prevenção de transtornos de saúde mental no ambiente de trabalho traz estratégias para estruturar campanhas e abordagens contínuas.

Desafios, dilemas e o papel do técnico protagonista

Implementar essas mudanças é desafiante. Às vezes, os próprios colegas acham estranho, minimizam ou têm medo de se abrir. Ou então, a liderança não dá bola, alegando “frescura” ou falta de recursos. Mas é aí que entra o diferencial do técnico atento: com pequenas ações contínuas, você vai mudando o olhar da equipe.

Técnico de segurança sorrindo após conversar com funcionário

Deixar de agir é normal – mas não pode ser o padrão. Ao perceber sinais de sofrimento, ao observar conflitos repetidos, você está no caminho certo para transformar a rotina daqueles que convivem com riscos, nem sempre fáceis de explicar. E mais: nem toda empresa tem orçamento para grandes consultorias externas. Mas as soluções simples, baseadas em escuta, registro e diálogo, cabem em qualquer realidade.

Vale lembrar que, para equipes reduzidas ou pequenas empresas, a Andrade Safe preparou um conteúdo explicativo sobre como elaborar o PGR especificamente para pequenas empresas – vale conferir se é o seu caso ou sugerir ao cliente.

Integrando prevenção: CIPA, RH e o “fator humano”

Nenhuma mudança real acontece de forma solitária. O correto é tentar sempre envolver a CIPA e o RH (quando houver) nas ações preventivas de riscos psicossociais. Na falta desses setores, agende conversas coletivas – ou até mesmo com grupos de liderança. Crie alianças com quem está disposto a ouvir e a agir. Fomente campanhas de saúde mental, proponha ajustes nos canais de denúncia e fiscalize se planos de ação realmente estão sendo executados.

  • Mantenha reuniões periódicas e registra tudo que for sugerido ou relatado
  • Apresente indicadores frequentemente para gestão e lideranças
  • Estimule feedback constante entre áreas
  • Integre as análises com estatísticas de absenteísmo, incidentes e produtividade

Conclusão: técnico de segurança como protagonista da mudança

Nessa jornada, o técnico de segurança não é mero cumpridor de checklist. É alguém que percebe a diferença entre rotina pesada e equipe saudável, que sabe quando parar para ouvir e quando relatar o que viu. Como dizemos na Andrade Safe, cada técnico é vetor de cultura. Podemos e devemos atuar como construtores de ambientes melhores, onde o sofrimento não é tabu, o assédio não é ignorado e a saúde mental faz parte, sim, da gestão de SST.

A mudança começa no olhar de quem se importa.

Estenda o convite. Compartilhe esse aprendizado com outros colegas, com sua equipe, com a gestão. Chame a empresa para um diálogo sério, honesto e responsável. Acesse nossos conteúdos exclusivos, conheça a Andrade Safe e descubra formas de transformar teoria em ação. Juntos vamos construir ambientes mais seguros para mente, corpo e futuro das pessoas.

Perguntas frequentes sobre riscos psicossociais no trabalho

O que são riscos psicossociais no trabalho?

Riscos psicossociais no trabalho são situações, condições ou dinâmicas que afetam a saúde mental e emocional dos colaboradores. Eles incluem fatores como assédio moral, sobrecarga de trabalho, ausência de reconhecimento, jornadas longas, pressão excessiva, isolamento e clima organizacional ruim. Esses fatores podem gerar ansiedade, depressão, estresse, baixa motivação e aumento de afastamentos.

Como identificar riscos psicossociais na empresa?

A identificação passa pela observação do dia a dia, aplicação de formulários de clima, análise de indicadores (absenteísmo, conflitos, turnover), condução de conversas abertas e acolhimento de relatos. Fique atento a mudanças de comportamento, aumento do isolamento, queixas frequentes, metas inalcançáveis e falas que demonstram esgotamento emocional.

Quais exemplos de riscos psicossociais existem?

Alguns exemplos frequentes de riscos psicossociais: assédio moral, cobrança excessiva, metas abusivas, ambiente competitivo extremo, jornadas exaustivas, ausência de feedback, discriminação, isolamento social, falta de sentido no trabalho e ignorar direitos básicos de descanso e escuta.

Como incluir riscos psicossociais no PGR?

É preciso registrar esses riscos no inventário de perigos, detalhar os possíveis impactos, propor ações corretivas e preventivas (como treinamentos, avaliações de clima, rodadas de conversa, canais de denúncia), acompanhar indicadores e envolver SESMT, RH e líderes na construção do plano. Ferramentas de avaliação, checklist comportamental e campanhas de saúde mental podem apoiar todo o processo.

Por que avaliar riscos psicossociais é importante?

Avaliar esses riscos diminui afastamentos, melhora o ambiente, reduz conflitos e aumenta o engajamento da equipe. Empresas que ignoram o tema estão mais expostas a multas, processos e resultados ruins. Olhar para a saúde mental é cuidar das pessoas e proteger o próprio negócio, indo além das obrigações legais da NR-01 e do PGR.

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Herberth Andrade

SOBRE O AUTOR

Herberth Andrade

Herberth Andrade é engenheiro de segurança do trabalho com 12 anos de experiência, fundador do projeto Andrade Safe. Dedicado a contribuir para o desenvolvimento de profissionais da área, Herberth compartilha soluções práticas para técnicos, engenheiros e gestores aprimorarem suas abordagens em segurança, focando na prevenção de acidentes e fortalecimento de uma cultura sólida de segurança nos ambientes de trabalho. É apaixonado por promover a eficácia e o reconhecimento da segurança do trabalho no Brasil.

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