Empresas terceirizadas são parte cada vez mais presente na rotina de organizações no Brasil. Facilitam operações, tornam algumas áreas mais dinâmicas, mas ao mesmo tempo criam desafios sérios quando o assunto é segurança do trabalho. Afinal, como alinhar práticas, valores e garantir que todos os envolvidos zelem, de fato, pela vida e pela saúde? Como criar um ambiente onde tanto o time direto quanto o terceiro sintam-se incluídos em uma cultura sólida e realmente protetora?
Esse artigo é um convite para debater, em detalhes, o passo a passo, as barreiras e as soluções para transformar a cultura de segurança em ambiente de terceirização em um pilar robusto e permanente. Ao longo do texto, histórias reais, dicas, exemplos e cuidados vão dar um norte mais claro para quem deseja não apenas cumprir normas, mas evoluir para resultados mais seguros, sustentáveis e humanos.
Segurança não é gasto. É investimento em vidas.
O que é cultura de segurança em ambientes com terceirizados
Cultura de segurança vai muito além da obediência às normas. Trata-se de um conjunto de valores, crenças, práticas e comportamentos aceitos e estimulados dentro da empresa. Esse conceito ganha novos contornos quando a estrutura envolve empresas terceirizadas. O desafio é criar um ambiente em que todos - independente do vínculo empregatício - estejam igualmente envolvidos na proteção da própria saúde e na prevenção de acidentes.
É como se todos compartilhassem um mesmo olhar, uma preocupação coletiva e diária. Não basta que um lado se comporte com responsabilidade enquanto o outro age apenas por obrigação. A cultura só se consolida quando há compromisso real e alinhamento entre contratante e terceirizada, o tempo todo.
Responsabilidade compartilhada e a legislação brasileira
A legislação brasileira é clara: a responsabilidade sobre a segurança do trabalhador terceirizado não está restrita à empresa prestadora de serviço. Contratante e terceirizada são corresponsáveis pelo ambiente saudável e seguro, cada qual em sua esfera de atuação. Isso se reflete em obrigações como fornecimento de EPI adequado, treinamentos, fiscalização do cumprimento das rotinas de segurança e registros de todas as atividades realizadas.
De acordo com estudos analisando setores de alto risco, terceirizados frequentemente enfrentam jornadas longas, salários menores e menor acesso à formação e supervisão constante. Isso reforça a importância de medidas sólidas que vão além do mero cumprimento da lei, pois a precariedade pode resultar em graves acidentes.
Os riscos da terceirização sem integração de culturas
Ao terceirizar, há quem acredite que parte da responsabilidade “passa adiante”. Na prática, a fragmentação pode ser fatal: dados do setor elétrico brasileiro apontam que 87% das mortes por acidentes ocorreram entre terceirizados, com taxa de mortalidade 5,6 vezes superior a dos próprios. É duro, mas é real.
Outros dados do mercado de trabalho demonstram a alta rotatividade desse perfil profissional, salários 23% a 27% menores e exposição maior a situações precárias. O cenário só muda com integração verdadeira e cultura de segurança disseminada entre todos os elos.
Etapas para construir uma cultura sustentável
Implantar, de verdade, uma cultura sólida em ambientes terceirizados exige método e persistência. Na Andrade Safe, acreditamos que há um percurso, com avanços e revisões constantes, mas que pode ser seguido por empresas de qualquer porte ou segmento. Cada etapa fortalece a anterior e prepara o terreno para a seguinte.
Análise de riscos compartilhada
O primeiro passo é entender os riscos reais do ambiente de trabalho, para todos - próprios e terceiros. Isso implica fazer um mapeamento detalhado das atividades, com participação ativa das lideranças das empresas envolvidas. A análise precisa considerar particularidades da prestação de serviço, jornadas, rotinas e histórico de incidentes.
- Reúna representantes de ambas as empresas para visitar ambientes juntos;
- Documente riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos;
- Ouça as percepções do trabalhador terceirizado, que vive o dia a dia local;
- Consulte indicadores históricos de saúde, afastamentos e acidentes;
- Alinhe terminologia e conceitos para eliminar ruídos de comunicação.
Acesse informações detalhadas sobre como garantir esse diagnóstico em estratégias para evitar falhas na análise de risco. Assim, a base do programa fica sólida e sustentável.
Treinamento direcionado e integrativo
Treinar é mais do que apresentar um conteúdo padrão. Um treinamento eficaz, especialmente em situações onde empresas terceirizadas atuam juntas, precisa ser personalizado e promover a integração dos participantes. Na Andrade Safe, defendemos que treinamentos de segurança sejam práticos, iterativos e levantem situações do cotidiano das duas empresas, não apenas slides genéricos.
- Demonstrações reais: mostre o uso correto de Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva;
- Brigadas mistas de emergência: simule situações com equipes próprias e terceiras misturadas;
- Perguntas abertas: estimule os participantes a contar vivências e dúvidas reais;
- Testes rápidos no final: avaliação instantânea para medir o engajamento e entendimento.
Treinamento bom é aquele que transforma rotina e atitude.
Segundo o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, houve queda expressiva nos acidentes em empresas de prestação de serviços após a adoção de medidas de formação mais estruturadas. Entretanto, para manter o engajamento, é preciso registrar as ações de capacitação, criar calendário contínuo e revisitar temas recorrentes.
Procedimentos alinhados a normas e padronização
Voltando ao tema da legislação, cada procedimento e rotina deve seguir as Normas Regulamentadoras (NRs) aplicáveis à atividade, tanto para contratante quanto para terceirizada. Essa adequação é a base de qualquer programa sustentável de segurança. No entanto, a forma de operacionalizar faz toda diferença.
- Elabore POPs (Procedimentos Operacionais Padrão) conjuntos ou complementares;
- Revise o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) a cada alteração significativa de processo, estrutura ou fluxo de pessoas; Para mais dicas, consulte nossa publicação sobre elaboração de PGR para empresas de pequeno porte;
- Experimente integrações entre sistemas de permissão de trabalho e fiscalização cruzada; exemplo disso é a aplicação estratégica de permissões de trabalho.
Um possível obstáculo aqui é a falta de atualização ou até mesmo o volume de documentos divergentes. Por isso, a revisão periódica, auditando práticas e corrigindo desvios ao longo do tempo, é indispensável para manter a consistência.
Revisão constante das práticas e feedback estruturado
O segredo está na manutenção: rever, auditar, ajustar, comunicar e registrar. Não há cultura de segurança sólida sem uma agenda regular de revisões práticas, inspeções surpresas e coleta de feedback de todos os níveis. Isso pode ser incômodo para alguns, que preferem “deixar rolar” até algum evento grave acontecer. Mas o preço da omissão costuma ser alto.
- Realize reuniões de segurança regulares, com relato aberto de quase acidentes;
- Implemente canais anônimos de denúncia e sugestões;
- Divulgue resultados de auditorias e reconheça melhorias implementadas;
- Crie grupos de trabalho para propor, testar e validar ajustes nos procedimentos.
O papel da liderança para fortalecer a cultura
Dizem que os olhos do dono engordam o gado. No contexto da segurança, a liderança é espelho: seu exemplo é observado e seguido por todos. Em times com terceiros, isso é ainda mais verdade. O comprometimento dos líderes das duas empresas serve como bússola e inspiração para os demais.
São os supervisores, engenheiros de segurança e gestores de contrato que definem o tom da cultura, incluindo terceirizados nisso.
Como agir, então?
- Cobre que lideranças das prestadoras estejam presentes em reuniões de segurança;
- Exija o mesmo padrão de diálogo aberto e respeito dos gestores terceirizados;
- Incentive reconhecimento público de atitudes seguras, mesmo dos terceiros;
- Dê poder e espaço para que reportem desvios sem medo de represália;
- Insista em reuniões periódicas também com gestores de RH e QSMS das terceirizadas.
Na Andrade Safe, já acompanhamos casos em que empresas de referência deixaram desafios passarem despercebidos apenas por falta de acompanhamento próximo de líderes. E outros, nos quais uma simples visita de gestor ao local de trabalho, no horário menos convencional possível, fez toda a diferença.
Fiscalização contínua e registros: nada de confiar na sorte
Fiscalizar é papel das duas empresas. Não importa o vínculo, as obrigações são conjuntas. Inspecionar ambientes, processos e formas de atuação das equipes terceiras não deve ser tarefa esporádica, mas rotina.
E tudo, absolutamente tudo, precisa ser registrado. Desde treinamentos aplicados, até não conformidades e planos de ação. Isso protege empresas em casos de fiscalização, mas principalmente cria transparência, permite análises e reduz o risco jurídico em acidentes futuros.
- Implemente SDP (Sistemas de Documentação de Prevenção) de fácil acesso e uso pelas duas empresas;
- Registre auditorias conjuntas com fotos, vídeos e relatos completos;
- Garanta assinatura digital de todos participantes dos treinamentos;
- Recolha evidências de revisões em procedimentos técnicos e checklists de EPIs.
Empresas que confiam apenas na palavra têm mais problemas quando os incidentes acontecem.
Comunicação clara: o idioma da segurança
Empresas terceirizadas, por vezes, possuem cultura, jargões e até mesmo “idiomas” diferentes, dependendo do grau de formação do colaborador. A falta de entendimento pode ser mais perigosa do que o risco aparente. Por isso, investir em comunicação é parte essencial desse processo.
O que pode funcionar:
- Criar materiais de orientação visual, como placas, cartilhas ilustradas, painéis digitais e alertas por aplicativos;
- Utilizar linguagem simples e próxima do cotidiano dos trabalhadores;
- Explicar a finalidade de cada programa, EPI ou rotina de auditoria;
- Manter canais de dúvidas abertos e eficientes, especialmente para rotatividade elevada;
- Buscar sinergia entre comunicação interna do contratante e da terceirizada.
Práticas colaborativas entre equipes
A cultura de segurança só cria raízes profundas quando há colaboração real entre todos os envolvidos. Essa integração precisa ser promovida ativamente, por meio de rituais, dinâmicas e espaços de trocas diárias.
O que já funcionou em ambientes com equipes mistas:
- Formação de CIPAs (Comissões Internas de Prevenção a Acidentes) com participação de terceirizados;
- Rodas de conversa quinzenais, onde qualquer membro pode apresentar sugestões ou questionamentos;
- Criação de medalhas ou prêmios simbólicos para atitudes referência, independente do vínculo empregatício;
- Dinâmicas de “troca de posto” para sensibilizar equipes sobre desafios encontrados por colegas de outra empresa;
- Treinamentos cruzados, com exemplos e estudos de caso das duas culturas organizacionais.
Na Andrade Safe, valorizamos justamente essas rotinas de integração, parte do nosso trabalho é auxiliar empresas a encontrarem caminhos práticos e criativos para que times diversos somem forças no objetivo da prevenção.
Incentivo ao relato de situações inseguras
Um ingrediente que faz toda a diferença é criar um ambiente em que o trabalhador se sinta à vontade para relatar situações inseguras, quase acidentes ou mesmo erros cometidos. Isso só é possível quando a liderança mostra, na prática, que relatar não vira punição, vira melhoria.
- Divulgue exemplos de relatos que geraram mudanças estruturais;
- Promova campanhas de “relato seguro”, com recompensas simbólicas;
- Viabilize formas anônimas de comunicação, inclusive por celular;
- Retorne sempre aos autores de relatos com ações tomadas decorrentes das suas sugestões.
Relatos sinceros valem mais do que apresentações bonitas.
Erros comuns na implantação da cultura de segurança para terceirizados
Ao implementar iniciativas de integração entre times próprios e terceiros, é bem comum encontrar obstáculos, equívocos ou simplesmente falta de sensibilidade. Identificar os deslizes mais comuns pode evitar retrabalho, desgaste de equipe e futuros problemas judiciais.
Listando os erros mais frequentes:
- Deixar treinamentos sob responsabilidade única da terceirizada, sem validação do contratante;
- Negligenciar a atualização de documentação quando processos mudam;
- Falhar ao fiscalizar cumprimento de rotinas, confiando apenas em relatórios enviados;
- Sobrecarregar equipes terceiras por não calcular corretamente riscos e limites;
- Ignorar a opinião do time que convive diariamente com os perigos;
- Focar mais em registros de papel do que no comportamento real observado;
- Tratar incidentes ou relatos como “problema do outro lado”.
Por vezes, as empresas podem até buscar modelos teóricos de concorrentes ou consultorias tradicionais, mas deixam a personalização de lado. Aqui na Andrade Safe, entendemos que cada cenário, estrutura e dinâmica pede um projeto realmente adaptado, feito para funcionar na vida real, e por isso entregamos resultados melhores que soluções genéricas do mercado.
Boas práticas e exemplos que geram resultados
No universo dos contratos com terceiros, temos observado algumas práticas que, quando adotadas, fazem a diferença de verdade no ambiente, na moral do grupo e nos indicadores. Destacando algumas delas:
- Plano de integração estruturado, com checklist específico para entrada e acompanhamento de terceirizados;
- Reuniões de alinhamento entre RH, QSMS e lideranças operacionais das duas organizações, revisitando métricas de segurança;
- Aplicação de treinamentos práticos e presenciais, evitando metodologias só digitais para cargos operacionais;
- Criação de grupos de WhatsApp exclusivos para comunicação rápida sobre emergências, dúvidas ou atualização de procedimentos;
- Implementação de quadro de visualização compartilhado de indicadores e metas alcançadas;
- Troca programada de EPIs, com acompanhamento conjunto do vencimento e da necessidade de substituição;
- Campanhas internas regulares, como “Semana da Vida”, com palestras, dinâmicas, depoimentos e premiações.
Empresas que abraçam tal jornada, com personalização e cuidado, colhem diminuição nos índices de acidentes, melhores relações interpessoais, mais estabilidade no quadro e aumento no engajamento. Não por acaso, dados oficiais revelam queda expressiva nos casos de acidentes nas prestadoras de serviços que investem na formação e fiscalização integradas.
Conclusão
Construir e enraizar uma cultura de segurança robusta em ambientes com terceirizados é um trabalho de formiguinha: envolve análise detalhada de riscos, preparação contínua, comunicação eficaz, fiscalização dupla e muita, muita integração. A atenção com cada detalhe, a escuta ativa dos diferentes times e a boa gestão dos registros podem transformar não só os índices de acidentes, mas a própria qualidade das relações profissionais e, acima de tudo, preservar vidas.
Na Andrade Safe, trabalhamos diariamente para mostrar que é possível ir muito além do básico, entregando soluções feitas sob medida, acessíveis e alinhadas à realidade do cliente. Nossa experiência, somada ao conhecimento da legislação e à vivência de quem já esteve à frente da área por mais de uma década, faz da Andrade Safe a escolha certa para quem realmente quer resultado e cultura consistente.
Cultura de segurança não é moda. É compromisso de quem valoriza a vida.
Se você deseja mudar de patamar, implantar medidas sólidas, humanizadas e inteligentes, fale conosco. Conheça nossos programas personalizados e faça parte do movimento pela segurança real nos ambientes terceirizados!
Perguntas frequentes
O que é cultura de segurança terceirizada?
Cultura de segurança terceirizada é o conjunto de valores, comportamentos, práticas e rotinas compartilhadas por contratante e terceirizada para garantir um ambiente de trabalho seguro para todos, independentemente do vínculo empregatício. Envolve adoção integrada de procedimentos, treinamentos e comunicação transparente com todas as equipes, incluindo as terceiras.
Como implementar segurança em empresas terceirizadas?
O processo começa pela análise compartilhada de riscos do ambiente, seguida pela elaboração de treinamentos direcionados, definição de procedimentos em conjunto, fiscalização constante e revisão periódica das práticas. A liderança de ambas as empresas deve estar envolvida e todos os registros precisam ser documentados. O trabalho integrado entre próprios e terceiros é o coração desse processo.
Vale a pena investir em cultura de segurança?
Sim. Investir em cultura de segurança reduz acidentes, melhora o clima organizacional, diminui custos com afastamentos e processos judiciais e valoriza a imagem da empresa. Mais que cumprir lei, é uma atitude responsável que preserva vidas e cria um ambiente de confiança para todos.
Quais práticas melhoram a cultura de segurança?
As principais práticas são: análise de riscos participativa, treinamentos reais e integrativos, padronização de procedimentos conforme as normas, revisão contínua dos processos, incentivos para relato de situações inseguras, integração de equipes e comunicação clara e acessível. O trabalho colaborativo e a fiscalização são fundamentais para sustentar essas melhorias.
Quem é responsável pela segurança nas terceirizadas?
A responsabilidade é compartilhada entre a empresa contratante e a terceirizada. Ambas devem garantir condições seguras, implementar e fiscalizar rotinas, fornecer EPIs adequados, promover treinamentos e manter registros. Não é permitido transferir toda a responsabilidade para a prestadora; a legislação exige compromisso mútuo.