Introdução
O PGR — Programa de Gerenciamento de Riscos — é o coração do novo modelo de gestão de riscos ocupacionais exigido pela NR-01 desde 2021. Ele substituiu o antigo PPRA e trouxe uma abordagem muito mais ampla, contínua e estratégica para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho.
Um dos componentes mais críticos do PGR é o Plano de Ação, documento onde a empresa registra como irá tratar cada risco identificado no inventário. É ele que transforma diagnósticos em atitudes concretas. Sem um bom plano de ação, o PGR vira apenas papel.
Para evitar que isso aconteça, muitas empresas têm adotado ferramentas de gestão consolidadas, como o 5W2H. Essa metodologia ajuda a estruturar ações de forma objetiva, indicando o que será feito, por quem, quando, onde, por quê, como e quanto custará.
Neste artigo, vamos construir um guia prático e legal para elaborar o plano de ação do PGR usando o 5W2H. Você verá os requisitos normativos, os erros mais comuns e um passo a passo para aplicar a metodologia em contextos reais de SST.
Entendendo o PGR e o Plano de Ação
A NR-01 estabelece as diretrizes do PGR e determina que todas as empresas devem:
- Elaborar um inventário de riscos ocupacionais
- Estabelecer um plano de ação para eliminar, reduzir ou controlar os riscos identificados
- Avaliar periodicamente a eficácia das medidas adotadas
Segundo a Portaria SEPRT nº 6.730/2020 (que atualizou a NR-01), o plano de ação deve conter:
- Medidas de prevenção a serem adotadas
- Cronograma e prazos
- Responsáveis pela execução
- Recursos necessários
- Critérios de acompanhamento
Em outras palavras, o plano de ação é o elo entre o diagnóstico de riscos e as ações preventivas concretas. Sem ele, o PGR não se materializa na prática.
Para ver a norma completa, consulte o texto atualizado da NR-01 no site do Ministério do Trabalho e Emprego.
Por que usar o 5W2H no Plano de Ação do PGR
O 5W2H é uma ferramenta de planejamento originada na gestão da qualidade, mas amplamente aplicada hoje em segurança do trabalho por sua simplicidade e eficácia. A sigla vem do inglês:
- What – O que será feito
- Why – Por que será feito
- Where – Onde será feito
- When – Quando será feito
- Who – Quem será responsável
- How – Como será feito
- How much – Quanto custará
Esse modelo evita ações vagas como “realizar treinamentos” e obriga a empresa a definir responsabilidades, prazos e custos, fortalecendo o controle e a prestação de contas.
Além disso, ele facilita auditorias, inspeções e comprovação de diligência — especialmente útil em contratos com grandes empresas ou órgãos fiscalizadores.
Passo a passo: Como construir o plano de ação do PGR com 5W2H
1. Levantar os riscos do inventário
O ponto de partida é o Inventário de Riscos Ocupacionais do PGR. Cada risco listado precisa de uma decisão: será eliminado, reduzido ou controlado?
Use critérios de priorização: gravidade, frequência e número de expostos. Métodos como a Pirâmide de Bird ajudam a entender por que tratar riscos leves também reduz acidentes graves.
2. Definir ações corretivas e preventivas
Para cada risco, liste as ações necessárias. Exemplos:
- Instalar guarda-corpos em plataformas elevadas
- Substituir produtos químicos perigosos por equivalentes menos nocivos
- Implementar programa de manutenção preventiva em máquinas
- Treinar operadores em procedimentos seguros
Você pode consultar o Guia de Gestão de SST da Andrade Safe para ter ideias de controles administrativos, de engenharia e de proteção individual.
3. Estruturar cada ação no modelo 5W2H
Monte uma tabela para cada ação:
Essa tabela deve ser anexada ao PGR e revisada periodicamente.
4. Estabelecer indicadores e monitoramento
Cada ação precisa ter indicadores de acompanhamento. Alguns exemplos práticos de KPIs de SST:
- Percentual de ações concluídas no prazo
- Quantidade de treinamentos realizados / previstos
- Redução na taxa de incidentes do setor
- Horas-homens sem acidentes
Você pode aprofundar esse tema no artigo da Andrade Safe sobre KPIs e gestão de SST.
5. Revisar e atualizar o plano
A NR-01 exige que o PGR seja revisto ao menos uma vez ao ano ou quando ocorrerem mudanças significativas (acidentes graves, introdução de novos processos, etc.). Portanto, agende revisões periódicas para garantir que o plano de ação continue eficaz e aderente à realidade da empresa.
Erros comuns na elaboração do plano de ação
- Ações genéricas e sem prazos definidos
- Ausência de responsáveis designados
- Falta de integração com os setores operacionais
- Não considerar custos ou viabilidade orçamentária
- Deixar de registrar evidências da execução
Esses erros podem gerar autuações durante fiscalizações da Fundacentro e do Ministério do Trabalho e Emprego. Além disso, prejudicam a credibilidade do setor de SST diante da alta gestão.
Andrade Safe na prática
A Andrade Safe é um projeto criado para apoiar profissionais de SST e gestores na implantação de uma cultura de segurança consistente e sustentável.
Com mais de 12 anos de experiência em engenharia mecânica e segurança do trabalho, seu fundador desenvolveu metodologias que unem raciocínio técnico, visão estratégica e ferramentas de gestão modernas como o 5W2H, aplicadas diretamente à realidade brasileira.
No blog da Andrade Safe você encontra materiais aprofundados, como:
- Guia prático de elaboração do PGR
- Permissões de trabalho: tipos e aplicação prática
- Investigação de acidentes de trabalho
Integração com normas e outros programas
O plano de ação do PGR deve estar alinhado a outros programas legais da empresa, como:
- PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (NR-07)
- NR-09 – Avaliação e controle da exposição a agentes físicos, químicos e biológicos
- ISO 45001 – Sistemas de Gestão de SST (recomendado para empresas que buscam certificação internacional)
Essa integração garante coerência nas ações e evita sobreposições, desperdícios de recursos e lacunas de proteção aos trabalhadores.
Conclusão
O plano de ação do PGR é muito mais do que uma tabela burocrática: é a espinha dorsal da prevenção moderna. Aplicar o método 5W2H garante clareza, responsabilidade e controle, aumentando drasticamente as chances de que as ações realmente saiam do papel e tragam resultados concretos — menos acidentes, menos afastamentos e mais produtividade.
Para continuar se aprofundando no tema e dominar a gestão de SST, acompanhe os conteúdos da Andrade Safe:
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FAQ
1. O plano de ação do PGR é obrigatório?
Sim. A NR-01 exige que todas as empresas com empregados elaborem e mantenham atualizado o PGR, com inventário de riscos e plano de ação.
2. Com que frequência o plano de ação deve ser atualizado?
Pelo menos uma vez por ano, ou sempre que houver mudanças significativas no ambiente de trabalho (acidentes graves, novas tecnologias, reorganizações).
3. Quem deve elaborar o plano de ação?
Preferencialmente o responsável técnico pelo PGR (engenheiro ou técnico de segurança do trabalho), com apoio dos gestores operacionais e da CIPA.
4. O uso do 5W2H é obrigatório?
Não, mas é altamente recomendado por sua simplicidade e eficácia no detalhamento de ações, facilitando auditorias e gestão.
5. O plano de ação substitui o PCMSO?
Não. O plano de ação trata de riscos ambientais e operacionais, enquanto o PCMSO trata da saúde clínica dos trabalhadores. Os dois devem ser integrados.
6. Como comprovar a execução das ações do plano?
Por meio de registros: ordens de serviço, notas fiscais, listas de presença em treinamentos, relatórios fotográficos, checklists e atas de reuniões.